Os diálogos sobre maternidade e carreira parecem cada vez mais abertos, ao passo que os homens ainda falam pouco sobre o tópico. Uma herança colocou em nós a necessidade de prover o lar e cobra cuidado e atenção ao chegar em casa. Nada mais justo, mas o problema é: como fazer isso?
Para mim, existe um claro privilégio por poder escolher em que país morar e ainda assim conseguir dar suporte à minha filha. Mas também existem os sacrifícios por trás disso: distância, preocupação por não acompanhar no hospital quando doente, saudades. Mas percorri alguns caminhos ao longo da vida da Sophia que fazem muita diferença hoje, mesmo longe.
As escolhas da paternidade
Quando descobri que seria pai, me senti assumindo o cargo, de fato, quando a Sophia nasceu. Para mim, a ideia era pouco prática durante a gestação, mesmo amando aquele ser que se formava. A partir do nascimento, quando a ficha caiu, percebi que eu podia escolher participar enquanto pai. Sim, diferente da geração dos meus pais, dos homens de 60 anos, que não foram convidados e nem incluídos na questão, eu percebi que eu tinha a escolha e, claro, para mim era evidente o caminho a tomar.
Me dei conta de que os 5 dias de licença paternidade são uma desculpa perfeita da sociedade machista para o homem não ter tempo de se envolver. Coisa que era muito comum há 13 anos, quando a Sophia nasceu, e hoje já recebe um outro olhar. Inclusive, percebo que a geração de 20 anos não tem escolha: os homens devem se envolver e são cada vez mais cobrados disso. A questão é que ser pai é um mundo novo e você precisa descobrir como se encaixar nele.
No meu caminho, pessoalmente, decidi ser muito bom em algo, enquanto homem, para participar da criação. Logo no começo, o meu momento era o de dar banho e trocar fralda. Duas atividades que requerem muita atenção, cuidado e paciência, e se tornaram o caminho para a relação que criei e mantenho com a Sophia até hoje.
Como ser pai me ajudou no trabalho
Ao perceber que me tornaria pai, comecei a ficar mais aberto para outras possibilidades ao redor de mim, inclusive de trabalho. Durante a gravidez da Sophia, surgiu uma nova oportunidade numa outra diretoria como consultor interno de sustentabilidade. As duas coisas se uniram: ao me tornar pai, senti um novo respiro na carreira. Coincidência? Talvez, mas senti que as coisas se abriram de outro jeito.
Conseguia aprender coisas novas, ensinar e estar alinhado cada vez mais ao meu propósito. O que aconteceu foi que trabalhar com sustentabilidade me trouxe mais propósito e ser pai me ajudava nisso.
Hoje, com tudo mais alinhado internamente, percebo o quanto eu entendo mais das pessoas por ter parado para aprender com a minha filha. Me enxergar além, nessa abertura para que algo fora de mim precisa de atenção e cuidados. Trabalhar depois do nascimento dela ia além do trabalho: eu quero um mundo melhor, uma sociedade mais justa. Isso segue até hoje e vai longe.
E você, como lida com a questão de ser pai e levar uma carreira? Tem sido fácil? Me conta nos comentários.
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